domingo, 14 de dezembro de 2008

Consumidores compram menos, mas se esforçam para manter status




A crise mundial pode estar reforçando a atitude do consumidor em países desenvolvidos em preterir algumas categorias às quais não ignoravam em favorecimento de outras. É o chamado “trading up” e “trading down”, conduta que a The Boston Consulting Group (BCG), consultoria em estratégia e gestão empresarial, analisa regularmente há alguns anos em 14 países, quatro deles emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China.
O “trading up” consiste na tendência do comprador por pagar preços mais elevados por produtos com maior valor agregado. Esse tipo de compra movimentou nos Estados Unidos, em 2006, US$ 735 bilhões - ou 21% do consumo total naquele ano. Por outro lado, o “trading down” é a prática de pechinchar em outros segmentos de bens e serviços para compensar o gasto maior em outros, sendo responsável por US$ 1,2 trilhão em compras dos americanos – 51%.
Esses dados levaram as companhias com produtos fora dessa tendência, ou seja, sem produtos com valor agregado ou preço atraente, a se espremerem em um buraco negro cada vez mais estreito: se em 2004 respondiam por 51% do consumo nos Estados Unidos, o número baixou para 46% em 2006.
Comportamento é reflexo de conjuntura sócio econômicaPara entender melhor esse comportamento e servir como referência às marcas, a BCG entrevistou 21 mil consumidores sobre 117 categorias de produtos e traçou o seu comportamento em relação a gastos diários e relação com a natureza, moradia e energia.
O levantamento reforçou a consolidação dessa tendência, que seria guiada de acordo com a conjuntura sócio-econômica global, incluindo aumento da qualidade de vida e educação, a influência da mulher no trabalho e o crescimento do varejo focado em preço baixo.
As categorias escolhidas para o “trading up” são aquelas que agregam maior valor emocional e que os caracterizem dentro da sociedade, expressando seu estilo pessoal. Para isso, são preferidos produtos que continuamente agreguem inovação e alta diferenciação, com a maior parte dos entrevistados escolhendo uma ou duas categorias para essa prática, de forma a transparecer ostentação.
Pesquisa ordenou conceitos de valor dos consumidoresPara compensar o luxo, os consumidores gastam menos em outras categorias não apenas por uma questão de economia, mas também de consciência, já que se vêem gastando sabiamente e sem exageros. As categorias escolhidas pelos consumidores nessa tendência diferem de região para região. Na China, Japão e Russia, fast-foods e lanches então entre os mais citados, enquanto que nos Estados Unidos e Europa, além da própria nação nipônica, são bastante citados serviços postais e de telefonia celular.
O estudo separou os atributos de um produto em ordem de agregação de valor. O menos valorizado, curiosamente, é o preço, seguido de conveniência, embalagem, qualidade, design, entre outros quesitos inerentes ao produto em si. Em seguida vêm a segurança reforçada pela marca do produto, sua consistência e serviços de pós-venda. Já os conceitos mais valorizados são os intangíveis, como sensação de status e influência, seguidos do valor integrado do ponto-de-venda e ações de Marketing no momento da compra.
Crise reforçará o “trading down”Os países emergentes diferem dos países desenvolvidos quanto à propensão de gastos. Enquanto que europeus, japoneses e americanos estão privilegiando compras de “trading down”, os chineses, indianos e russos estão privilegiando compras de “trading up”. O Brasil, por sua vez, se destaca na primeira tendência, o que pode ser explicado, segundo a Boston Consulting Group, por uma preocupação dos brasileiros em relação à economia instável do país, além da preferência por comprar em promoção.
Com a crise, os consumidores se dizem preocupados com a redução do poder de compra, como afirmam mais de 60% dos entrevistados na Europa e no Japão e 44% na Rússia, por causa do aumento no preço dos alimentos e dos combustíveis. Levando isso em conta, a BCG acredita que a prática do “trading down” seja ainda mais reforçada, já que os consumidores vão precisar comprar menos, ao mesmo tempo em que não querem perder status na sociedade.

Pré-sal atrai novos investidores


Marcello Casal /ABr PETROBRAS - Lobão disse que os chineses ofereceram US$ 10 bilhões para investimento na exploração do pré-sal14/12/2008 - Tribuna do Norte Brasília - Chineses, árabes e até as reservas internacionais brasileiras são candidatos a financiar os investimentos da Petrobras na exploração do óleo no chamado pré-sal. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que os chineses ofereceram US$ 10 bilhões. Os Emirados Árabes também acenaram com recursos de seu fundo soberano. Se necessário, acrescentou Lobão, parte das reservas internacionais brasileiras poderão ser emprestadas à Petrobras. “É uma possibilidade. É uma decisão do governo. Se a Petrobras, um dia, vier a precisar, socorreremos com essas reservas. Elas estão lá, paradas”, disse. “Há essa intenção. São reservas que estão lá, à nossa disposição, e que podem ser sacadas a qualquer momento.” Ele assegurou que o volume utilizado não colocaria a economia brasileira em risco. Nos bastidores, Lobão vem defendendo o uso das reservas para financiar o pré-sal desde antes do agravamento da crise internacional, que tornou o crédito mais escasso e caro. A idéia não encontra consenso na área econômica. Porém, segundo o ex-diretor financeiro da Petrobras e ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, ela não é ilegal nem inédita. No final dos anos 1980, a estatal tinha dificuldades em obter dólares para importar petróleo, como reflexo da moratória brasileira de 1987. Para resolver a situação, o BC passou a aplicar parte das reservas nos estatais Banco do Brasil e Banespa, que por sua vez aplicavam os recursos em títulos de dívida emitidos pela petrolífera no exterior. O ministro disse que os estudos técnicos sobre o novo marco regulatório do petróleo, com vista à exploração do pré-sal, estão prontos. Lobão disse acreditar que o plano estratégico da Petrobras será divulgado ainda este ano. “A Petrobras tem um planejamento de US$ 113 bilhões (de investimento). É um planejamento que se atualiza ano a ano”, disse. “Para surpresa dos senhores, até pode ser um planejamento mais alentado, com recursos mais elevados.” A revisão do preço dos combustíveis, disse Lobão, só será feita quando a cotação do petróleo se estabilizar. “Quando o (preço do) petróleo aumentou desordenadamente para US$ 145,00 o barril, não houve elevação do preço aqui. Portanto, quando baixa, agora, é preciso que se tenha calma, para que a Petrobras examine com cuidado esses números todos”, afirmou.Revisão só com petróleo estávelBrasília - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que só será possível pensar em uma revisão dos preços dos combustíveis no Brasil em razão da redução do preço internacional do petróleo quando este se estabilizar. “Quando o (preço do) petróleo aumentou, desordenadamente, para US$ 145,00 o barril, não houve elevação do preço aqui. Portanto, quando baixa, agora, é preciso que se tenha calma, para que a Petrobrás examine com cuidado esses números todos”, afirmou Lobão. A cotação internacional do petróleo, na semana passada, esteve em torno de US$ 41,00. O ministro disse acreditar que chegará um momento em que o preço se estabilizará. “É nesse momento que a Petrobrás terá que se manifestar. Mas, enquanto o preço estiver subindo e descendo, é cedo. Além do mais, os preços aqui não sobem há três anos. Por que baixar agora?”, disse o ministro. Ao ser lembrado de que, no ano passado, houve aumento no preço dos combustíveis no País, o ministro afirmou: “No ano passado, não foi aumento. Foi uma pequena compensação, e o consumidor sequer pagou.”