quinta-feira, 20 de maio de 2010

Retomada da economia diminui registros no SPC


O reaquecimento da economia, do mercado de trabalho e as melhorias salariais registradas este ano ajudaram a reduzir em 10,25% a inadimplência no Rio Grande do Norte, de janeiro a abril, e a aumentar o contingente de potenciais consumidores em circulação no estado, na comparação com o mesmo período de 2009. A retração na lista de “nomes sujos” é apontada em relatório do SPC Brasil, divulgado ontem pela Federação da Câmara de Dirigentes Lojistas (FCDL/RN). De acordo com os dados, não só caiu o volume de registros no órgão, mas também cresceu o número de consultas, em abril. “Ter mais gente consultando é mais um indicativo de que o ano é de expansão para as vendas e de que há mais gente batendo à porta do comércio para comprar a prazo”, diz o presidente da FCDL RN, Marcelo Rosado.O SPC não divulga o tamanho do calote nem quantos são os devedores, em números absolutos. Aponta, no entanto, que 61,64% das pessoas registradas no SPC Brasil no Rio Grande do Norte, em abril, são do sexo feminino. Elas também foram maioria entre os que procuraram o órgão para quitar o que estavam devendo, com um índice de exclusão de registro de 57,10%, contra 42,90% dos homens. Segundo Marcelo Rosado, os dados refletem o crescente acesso das mulheres ao mercado de trabalho e ao crédito, um passo para que assumam compromissos parcelados. “Isso é mais uma comprovação da independência feminina e de que cada vez mais elas estão se tornando responsáveis por assumir as despesas do lar”, continua.Para o economista e consultor financeiro, Henderson Oliveira, o crescimento no número de empregos com carteira assinada no quadrimestre, quando houve 2.068 contratações a mais do que demissões no estado, segundo o Ministério do Trabalho, foi fundamental, mas não a única razão para estimular o consumidor a se manter ou se esforçar para ficar em dia. “As pessoas estão planejando melhor os gastos”, avalia. O presidente do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Norte, Janduir Nóbrega, também reforça que, quanto melhor a distribuição de renda, menor tende a ser o índice de inadimplência. Ele lembra que planejamento é a palavra chave para quem quer fugir ou evitar cair na lista dos nomes sujos. “É primordial consumir exclusivamente o necessário e sempre ter dinheiro reservado”, observa. Priorizar o pagamento à vista também é recomendável, mas, se o jeito for comprar a prazo, Henderson Oliveira orienta que é preciso analisar as taxas de juros e o número de parcelas da compra. O cuidado é necessário para evitar o comprometimento do dinheiro por longo prazo e se pagar um valor muito superior ao que seria desembolsado à vista. “O melhor é comprar à vista e pedir desconto. O mínimo que se pode conseguir é 5% a menos no preço”, calcula o economista.Apelo da Copa ao consumo pode mudar númerosCom a economia aquecida, os especialistas preveem que a queda no número de inadimplentes continue. Alguns fatores ameaçam, no entanto, essa tendência. É o caso da Copa do Mundo, que será realizada na África do Sul a partir do próximo mês, aumentando a onda de gastos dos consumidores, principalmente a dos mais impulsivos. “É um período em que as paixões vão falar mais alto e em que, quem não tiver autocontrole, poderá ter problemas financeiros”, alerta o presidente do Conselho Regional de Economia no estado e professor do curso de Gestão Financeira da Universidade Potiguar (UnP), Janduir Nóbrega.Ele observa que, com a realização do mundial, o mercado como um todo fica aquecido e o consumidor se sente tentado a ir a restaurantes, bares e a adquirir produtos como eletroeletrônicos. São tentações que podem custar caro para quem não planejar os gastos, reforça. Henderson Oliveira, economista, também estima que o apelo ao consumo pode diminuir o ritmo de queda da inadimplência, se não houver “educação financeira”. O SPC não disponibilizou dados específicos sobre os registros em abril.

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