
O Ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e a governadora Wilma de Faria abre nesta segunda, às 8 da manhã, no auditório da Casa da Indústria, o seminário Motores do Desenvolvimento do RN/Infra-estrutura.O evento é promovido pela Tribuna do Norte em parceria com o Banco do Brasil, Governo do Estado, Prefeitura de Natal, Assembléia Legislativa, Fiern, Fercoercio, UnP, com apoio da consultoria RGarcia. É o primeiro de três seminários previstos para este ano. Os dois seguintes abordarão, pela ordem, os temas Energia e Turismo em datas a serem definidas. O seminário de amanhã, com duração para todo o dia, foi resultado de meses de planejamento, a partir de um projeto elaborado pela consultoria RGarcia, cuja idéia assumida pela Tribuna do Norte ensejou a publicação, nos últimos 15 dias, de matérias de página inteira, numa completa radiografia sobre infra-estrutura do RN, desde rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.Palestrantes de renome nacional e internacional estarão presentes. Abrirão o evento o presidente da Fiern, Flávio Azevedo; o presidente da Tribuna do Norte, Henrique Eduardo Alves; o prefeito de Natal, Carlos Eduardo; o presidente da Assembléia Legislativa, Robinson Faria. Discursarão o Ministro Miguel Jorge, a governadora Wilma de Faria e o presidente do Congresso Nacional, Garibaldi Alves Filho. A série de seminários parte do fato de que o Rio Grande do Norte passa por um momento especial de seu desenvolvimento com a concretização do novo aeroporto de passageiros e cargas de São Gonçalo do Amarante. A partir do projeto de um grande terminal intermodal, cuja primeira fase deve estar funcionando até 2010, uma série de obras estruturantes deverão impor-se, trazendo uma série de conseqüências positivas para a economia do Estado. Entre as mais importantes está a criação de uma Zona de Processamento de Exportação e a criação imediata, só em função do aeroporto, de cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos.Os especialistas ouvidos pela Tribuna no Norte, nas matérias publicadas nos últimos 15 dias, são unânimes: o município de São Gonçalo, na região metropolitana de Natal, hoje com 80 mil habitantes, dobrará de tamanho com a chegada do terminal. Isso apressará o cronograma de obras, tendo em vista a infra-estrutura de acessos não só ao novo aeroporto como também para toda a região metropolitana. “O seminário é oportuno porque chama a atenção para esse momento especial e aponta os gargalos para os quais teremos que encontrar solução”, resume o diretor comercial da Tribuna do Norte, Ricardo Alves.
Entrevista / Marcelo Queiroz: “O varejo nada de braçada”
Opresidente da Federação do Comércio, Marcelo Queiróz, está entre os maiores interessados na questão da infra-estrutura. Líder de um dos segmentos que mais emprega e distribui renda, nesta entrevista ele fala um pouco de tudo - até logística e meio ambiente.
O comércio varejista compra suas mercadorias de fora e paga caro pelo frete. Em que medida, uma navegação de cabotagem faz falta aos empresários?Eu diria que faz uma falta absurda. Estudos de logística feitos no final do ano passado mostram que, na imensa maioria dos casos, os custos do transporte marítimo representam um quarto dos custos do transporte rodoviário. Sem dúvida é uma diferença que não pode ser desprezada, principalmente num país de dimensões continentais como o nosso. Hoje, infelizmente, mais de 75% da matriz de transportes do Brasil se baseiam no transportes através de caminhões. E isso acontece principalmente pela falta de uma sintonia entre portos e armadores que pudesse dotar o país de uma malha decente de linhas regulares de cabotagem. No caso específico do Rio Grande do Norte, além de um porto arcaico e que carece de investimentos há muitos anos, temos um dilema antigo nos moldes daquele de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha. Os empresários locais dizem que não usam o porto (o que redundaria na cobrança maior, mais contundentes, de investimentos em sua estrutura) porque não há linhas regulares de navios. Por sua vez, os armadores dizem que não implantam linhas porque não há cargas que as justifiquem. É um ciclo vicioso que só poderá ser quebrado com uma ação enérgica liderada pelo poder público, unindo as duas partes da cadeia em nome de uma otimização da nossa matriz logística. Acho importante ainda, ressaltar, que, reduzindo o uso do transporte rodoviário, estaríamos contribuindo com a preservação ambiental, graças aos menores índices de emissão de gases pelos caminhões, que provocam o efeito estufa na atmosfera, e desafogando o trânsito nas rodovias.
Por que a tentativa de se restabelecer uma navegação de cabotagem - tentada no fim da gestão de seu antecessor - falhou?Na época, eu era o vice-presidente da Fecomércio e acompanhei de perto este processo. Foi como eu disse. Nós vimos naquele dilema entre armadores e empresários. Reafirmo, é necessária, urgentemente, uma atuação do poder público, dando respaldo à essa discussão. Senão, ela não anda.
O senhor poderia citar e comentar alguns gargalos logísticos que prejudicam a atividade varejista no RN?A falta dessa linha regular de cabotagem é o principal deles. Posso citar ainda a falta de uma estrutura mais ágil em nosso porto, que tem custos muito elevados e uma eficácia operacional questionável. Falta-nos, também, uma melhor estrutura para escoamento aeroviário. Eu sou um dos que estão esperançosos de que, pelo menos este ponto seja resolvido com o aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
Com o crescimento vertiginoso de Natal o que vem mudando nas feições do comércio varejista?Estamos crescendo junto. E rápido. O ano passado foi histórico para o varejo potiguar. Ganhamos novos grandes empreendimentos, novos supermercados e atacados, novos shoppings e, como se diz, “nadamos de braçada” nos mares do bom momento da economia nacional, com crédito farto e prazos de financiamento alongado. Tudo isso vem contribuindo para virmos registrando índices de crescimento de venda acima das médias nacionais, desde o ano passado. Em fevereiro deste ano, por exemplo, tivemos o melhor desempenho do país, com 21% a mais de vendas do que no ano passado. No fechamento do primeiro trimestre, crescemos 14% acima dos 11% registrados na média nacional e o segundo melhor desempenho do país. Ainda não temos os dados fechados do quadrimestre, mas esperamos desempenho semelhante.
Quais os grandes desafios do segmento hoje?O primeiro é gerenciar o crédito farto e fácil com responsabilidade e critérios, para evitarmos uma bolha que redunde em picos de inadimplência daqui a algum tempo. O segundo ainda é a capacitação da nossa mão-de-obra. Há uma escassez quase endêmica de pessoas qualificadas no mercado e, por causa disso, aquelas que as empresas mesmo qualificam, a custos nem sempre muito baixos, terminam virando peças muito cobiçadas no mercado. Nesse sentido, o Senac, que faz parte do Sistema Fecomercio, tem oferecido muitas e boas opções de canais de qualificação, sempre em sintonia com as necessidades do mercado. Mas ainda há muito a se fazer nesse campo.
Qual a importância de um seminário sobre infra-estrutura para o segmento do varejo?Importância total. Discutir infra-estrutura é discutir um dos pontos que mais influenciam nos nossos custos operacionais. Portanto, é colocar na berlinda nosso poder de fogo no mercado e esse tipo de discussão sempre gera frutos positivos sejam nas reflexões que surgem e mais especialmente ainda quando as ações do poder público em, parceria com a força do capital privado, resolvem atuar para o benefício comum.

Nenhum comentário:
Postar um comentário