domingo, 27 de julho de 2008

Produção e vendas em descompasso



O dólar está provocando um curioso contraste nos resultados do segmento de máquinas de escritório e informática na indústria e no varejo. Enquanto o comércio varejista aponta um aumento nas vendas desse segmento de 29% no acumulado de janeiro a maio deste ano - a maior magnitude de expansão entre as atividades do comércio no período -, a produção industrial acumula queda de 8,7%. O descolamento entre os resultados dos dois setores, no que diz respeito aos equipamentos de informática, é recente. Em 2007, por exemplo a atividade mostrou um crescimento muito superior no varejo (29,5%) do que na indústria (14,4%), mas ambos registraram sinal positivo. Em 2006, por outro lado, o aumento dessa atividade foi bem maior na indústria (52%) do que no varejo (30%). Especialistas apontam a base de comparação elevada, a queda na produção de alguns produtos específicos e, sobretudo, o dólar como motivo do atual contraste. O economista André Macedo, da coordenação de indústria do IBGE, lembrou que houve resultados industriais expressivos nesse segmento nos últimos quatro anos, o que garante uma base comparativa muito alta. Ele disse ainda que, em 2008, a queda acumulada está concentrada em monitores e impressoras e não em computadores pessoais. Além disso, ele lembra que o cardápio de produtos da pesquisa industrial do instituto não inclui notebooks, que vêm mostrando forte aumento nas vendas no País. A Positivo Informática, uma das maiores fabricantes de computadores e notebooks do País, vendeu 337 mil computadores pessoais (PCs) no primeiro trimestre deste ano, com aumento de 30,2% ante igual período do ano passado. A venda de notebooks da empresa cresceu muito mais, ou 191%, para 63 mil unidades. Segundo observações no balanço da Positivo - os executivos da empresa não quiseram conceder entrevista por causa do período de silêncio imposto pela proximidade da divulgação dos resultados, ocorrida na semana passada - entre 2004 e 2007, o preço médio de PCs no Brasil caiu 46,8%, sendo 48,8% de recuo nos PCs e 64,6% nos notebooks, “impulsionado principalmente pela queda de 33,4% do dólar, uma vez que mais de 90% do custo de um PC é vinculado a essa moeda”. Segundo Macedo, o dólar e o conseqüente aumento das importações são um fator importante para explicar a diferença entre os resultados do varejo, que está sendo abastecido por produtos externos, e da indústria. Para o chefe do departamento de economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, o dólar, “que está nas mínimas das mínimas” é responsável por toda a diferença de resultados dos equipamentos de informática no comércio e na indústria.

Nenhum comentário: