terça-feira, 22 de julho de 2008

Setor agropecuário tem corte de emprego formal


Aldemir Freire aponta como o pior resultado dos últimos dez anos22/07/2008 - Tribuna do Norte .As chuvas que destruíram plantações no Vale do Açu, a entressafra de culturas como melão e cana-de-açúcar e a migração para a agricultura familiar fizeram com que o setor agropecuário do Rio Grande do Norte registrasse 6.288 cortes de empregos formais, entre janeiro e junho deste ano. Este, segundo levamento do economista Aldemir Freire, é o pior resultado nos últimos 10 anos.Baseado em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o levantamento mostra que o saldo (contratações menos demissões) da agropecuária foi negativo, chegando a 6.288 cortes. Foi o pior resultado entre todos os setores da economia nos primeiros seis meses deste ano.O movimento de queda no primeiro semestre não é uma novidade. Como explica Aldemir, isso acontece anualmente porque os ramos do setor que geram empregos formais aqui no RN são, fundamentalmente, a fruticultura irrigada e a colheita da cana. “Essas duas atividades concentram suas contratações, por sua vez, no segundo semestre: sobretudo em função da cultura do melão”. Porém, as fortes chuvas que caíram em abril e destruíram plantações refletiram em demissões atípicas: somente a Del Monte, produtora e exportadora de banana, demitiu mais de mil pessoas antes da hora. “Uma observação rápida do gráfico nos sugere que, normalmente, em média o desemprego no primeiro semestre fica na casa das 4 mil demissões. Assim, podemos debitar na conta das inundações cerca de 2 mil a 2,3 mil empregos perdidos”, explica Aldemir. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetarn), José Ferreira, acredita que esses resultados apresentarão melhora a partir do próximo mês, quando se inicia a safra da cana. Contudo, no ano passado, o movimento foi de queda: o setor registrou o corte de 1.218 vagas e redução de 5,19% no total de empregos formais. TendênciaFerreira destaca ainda que, além desses problemas, há um movimento significativo de pessoas optando pela agricultura familiar que, apesar de gerar ocupação e renda, não é computada como emprego formal pelo Caged. Outra tendência que ajuda a encolher os empregos formais no setor é a modernização, como ressalta o supervisor técnico do Dieese RN, Melquisedec Moreira. Ele frisa que a cultura da cana-de-açúcar, grande empregadora, é uma das que mais sofre processo de mecanização. “E isso não é um fato isolado no RN ou no Nordeste, é em todos os lugares onde ela é cultivada”. Para Melquisedec, é preciso que se fortaleça a agricultura familiar, de modo que os rendimentos gerados através dela mantenham as famílias no campo. “E esta é uma atividade importantíssima quando lembramos que mais da metade dos alimentos básicos que consumimos vem da agricultura familiar”, destaca.

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